sexta-feira, 12 de setembro de 2008

GAZETA DO POVO DIVULGA A PEÇA DE ANALICE


“É uma quebra do rigor dramático”, diz diretor sobre peça que simula bar"

Espaço informal é cenário para desventuras da personagem principal em “Analice em Busca do Homem Perfeito”12/09/2008 11:42 Angela Antunes

A peça "Analice em Busca do Homem Perfeito", que sobe ao palco do Teatro Fernanda Montenegro neste sábado (13), simula um bar que assiste às aventuras e desventuras da personagem Analice. “É uma quebra do rigor dramático”, disse o diretor Samuel Rangel em entrevista à Gazeta do Povo. Segundo ele, a peça abre mão de uma interpretação profunda e faz uso de linguagem coloquial como a usada pelas pessoas dentro de um bar.

O cenário, segundo ele, abre portas para a comédia. “O número de eventos e de pessoas caricatas permite que a gente tenha uma fonte inesgotável de humor”, disse Rangel. Um dos principais na peça é o bêbado, que testemunhou os três relacionamentos mal sucedidos de Analice.

Serviço

"Analice Em Busca do Homem Perfeito". Sábado (13), às 21h. Teatro Fernanda Montenegro (Shopping Novo Batel. Rua Coronel Dulcídio, 517). Entrada antecipada: R$ 20. Na data do evento: R$ 30.

Programação:
19h15 - Show com banda
20h15 - Abertura do teatro com música ao vivo e venda de cerveja ao público
21h - Início da peça

A ambientação do local conta com oito mesas em cima do palco. Nelas, doze pessoas da platéia são chamadas para beber cerveja e comer uma tábua de frios durante o espetáculo. O público também não fica de fora, e pode comprar cerveja por meio de garçons que circulam pelos corredores. Rangel disse que nunca houve problemas por conta da liberação de bebida dentro da atmosfera formal do teatro. “Sempre tem aquele que bebe mais, todo bar tem um chato (risos)”. Segundo ele, isso “ajuda a criar o clima”.

Rangel falou ainda sobre a inspiração para criar o espetáculo, que veio dos tempos que trabalhou como músico. “Eu tinha muita história para contar”, explicou.

Leia abaixo a entrevista na íntegra:

O espetáculo “Analice” não é o primeiro da Companhia Anjos Boêmios a ter um bar como cenário. Como surgiu essa idéia?

Foi em 2001, quando eu e alguns amigos estávamos no bar Ponto Final e, por eu ter sido músico há muito tempo, eu tinha muita história para contar. Em função disso, eu resolvi montar essa peça e a gente começou a retratar esse tipo de crônica que acontece na noite. Começaram a aparecer vários textos e hoje a gente tem essa Companhia (Anjos Boêmios) que retrata peças em bares.

A peça “Analice em Busca do Homem Perfeito” foi feita a partir do espetáculo anterior do grupo. O que mudou entre um e outro?

O anterior não era exatamente uma peça teatral. Já “Analice” é uma peça, tem uma história, um roteiro.

Como foi possível adaptar um espaço formal como o teatro em um espaço informal como o bar?

Na realidade a gente monta oito mesas no palco, existe venda de cerveja para o público. Tem garçons que servem o público. Ou seja, a ambientação que a gente cria é a de bar. Nesse sentido, fica muito fácil.

Que tipo de situações vividas por Analice no espetáculo?

Vou tentar contar sem contar o final da peça (risos). Na realidade, a Analice, ao longo dos dez anos da vida dela, ela teve três namorados. Cada um deles com os seus próprios defeitos. Mas ela sempre queria algo a mais. Existe um bêbado que testemunha toda a história de Analice, e de certa forma ele é o antagonista. Ele brinca muito com ela, ele testemunhou e ele brinca muito com ela. É uma relação bem engraçada que ela tem com ele.

Em que as histórias foram baseadas?

Essa peça eu escrevi ouvindo as minhas amigas, mulheres, os anseios, as dificuldades.

A peça conta com alguns personagens típicos de bar, como o Cafajeste, o “Pega Ninguém”, o Bêbado. Que outros personagens aparecem?

Tem o homem que tem medo de casar, o feio. Além disso, temos um garçom extremamente engraçado, que é um garçom sem nenhuma higiene.

A opção por essa escolha foi para que o público se identifique com as situações vividas no palco?

Sim, com certeza. A gente abre mão da técnica dramática para aproximar o público dos personagens.

O que seria abrir mão da técnica?

A gente não tem uma dramaticidade profunda, não tem uma interpretação profunda. É uma interpretação coloquial. Os atores atuam com o vocabulário e postura que as pessoas têm no bar. É uma coisa muito à vontade, é uma quebra do rigor dramático.

Você cria algum personagem novo de acordo com a recepção da platéia?

Existe muita improvisação. Normalmente, doze pessoas eu convido da platéia para ocuparem a parte de figuração no bar. Essas pessoas são aquelas que ficam tomando cerveja e comendo uma tábua de frios por nossa conta (risos). Essas pessoas, às vezes, elas acabam tomando uma posição na peça que permite uma improvisação e adequação de texto.

Há alguma mudança no roteiro de um espetáculo para outro?

Não. O roteiro é semelhante, mas a passagem entre os eventos nunca é igual a outra. A gente sempre está buscando uma coisa atual, ou alguma forma de inserir na peça algo que esteja em destaque no momento.

Quais são os pontos positivos e os negativos disso?

Para mim, só há pontos positivos. Eu não vejo nenhum ponto negativo. Quando você faz teatro e permite que o público se veja no lugar dos personagens, você cria certa empatia com o público que facilita demais a comunicação.

Como você falou, o público pode consumir cerveja durante o espetáculo. Nunca aconteceu uma situação meio estranha ou constrangedora por conta disso?

É como um bar. Sempre tem aquele que bebe mais, todo bar tem um chato (risos). Tanto os atores quanto a direção está preparada para trabalhar com esses imprevistos.

Então nunca houve uma situação que atrapalhou?

Nunca, isso ajuda a criar o clima do bar.

Você sente que o clima do bar consegue ser transferido para aquele local?

O bar é um meio, um ambiente, onde acontece muita coisa engraçada. Então é um meio extremamente rico para a comédia. O número de eventos, de pessoas caricatas que a gente tem, permite com que a gente tenha uma fonte inesgotável de humor. Tanto que, “Crônicas da Boemia”, “Toca Raul”, que são peças que a gente também está escrevendo, são sobre a atmosfera do bar.

No fim do espetáculo, a Analice encontra ou não o homem perfeito?

Isso eu não vou poder falar (risos).

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